As grandes propagandas de um banco não tão grande assim.

É incrível como um banco que minou tão rápido tenha conseguido emplacar duas campanhas excelente que ultrapassaram e por muito sua existência.

Se você tem mais de trinta ano é bem capas que quando escuta alguém dizer “é o tempo passa” você complete em sua cabeça “…o tempo voa, mas a poupança Bamerindus continua numa boa…” E essa é a ironia, o Bamerindus acabou e foi um final meio horroroso. O Banco Bamerindus começou nos anos 30, teve um monte de mudanças e fusões e só veio a receber o nome que todo mundo lembra nos anos 70. A coisa ia bem, mas as mudanças dos anos 1990, que foram beneficiárias para muitas empresas e cruel para outras, acabam por minar o Bamerindus. Ele começou a afundar em 1994 e terminou em 1997.

O tempo passa, o tempo voa é a mais famosa, e a poupança Bamerindos não está mais numa boa.

E a Vitrola.

Esse muita gente lembra, mas nem lembra do que era esse comercial. Mas quem nos anos 1990 não respondeu bem devagar “vitrola” para alguém que disse “ein?” por não entender uma pergunta?

TV – Vídeo Cassete Dueto Philco

 

Um dos produtos mais idiotas já criados pela humanidade é o dueto da Philco. Uma TV (nas opções de 20 e 14) acopladas com um vídeo cassete. Pra quem conviveu com esses rodadores de fita sabe o transtorno que era quando uma fita enroscava ou quando o cabeçote precisava de um banho. Juntar isso a um trambolho de uma TV era uma péssima ideia. 2x mais coisas para darem defeito.

Mas nem tudo era ruim nessa aberração da Philco, os comerciais eram bem legais. É… eram legais pra época, hoje são um tanto quanto racistas e estereotipados. Campanha veiculada no início dos anos 90.

a campanha teve 2 comerciais (pelo menos me lembro de apenas dois). No primeiro o índio, (que depois descobriríamos que chama Grande pai 20) encosta seu ouvido no solo e escuta quem vem. Ele relata que são dois, sempre juntos “tv em cima, vídeo cassete em baixo”.

No segundo comercial, Grande Pai 20 fala ao pequeno 14 sobre as vantagens da TV e do vídeo cassete “Mas aquele monte de fio para ligar é um pé no saco”.

Não foi apena nessa campanha que o Philco usou o tema de velho Oeste.

Esse nem é tão memorável, mas é legal também. O pistoleiro mata o vídeo cassete velho.

O Segredo de Tostines


É interessante como lembramos de fragmentos das coisas, principalmente comerciais. Uma vez vi que se você cria uma propaganda memorável, mas o consumidor não lembra o nome do seu produto, você falhou. Não consigo lembrar o nome daquela vitamina em pó dos anos 80 em que na propaganda um cara segurava o caminhão na ladeira. Também não consegui lembrar o nome do pudim que tinha um gatilho pra tirá-lo do potinho, no comercial tinha um ladrão que parava o roubo para comer o tal pudim e era pego por fazer barulho com o gatilho, aquele tipo de coisa que fica coçando no fundo do cérebro e não vem à tona. Claro estou falando de lembrar de coisas de 30 anos atrás, mas algumas propagandas são tão boas em fixar o nome do produto que merecem ser vistas e revistas. é o caso de Tostines e seu segredo.

Ficou conhecido como Dilema Tostines, muito além da propaganda, toda vez que para resolver um problema é necessário que se chegue a solução do mesmo problema que se quer resolver. Como o caso citado acima. Outro exemplo é precisar de um emprego para fazer faculdade, mas precisar de faculdade para ter um emprego.
O dilema Tostines. Uma ótima sacada da propaganda “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?” Eu me descobri velho quando disse para um amigo de 20 e poucos anos de idade que precisar da internet pra atualizar o driver do modem para conectar na internet era um dilema tostines. Primeiro ele desconhecia o dilema, depois ele desconhecia o que é ficar sem internet. É a vida.

Que acredito ter sido seguida por essa campanha

A campanha do final dos anos 90 também foi muito boa

 

A campanha é ótima, num desenho animado muito menos lembrado que o slogan. Hoje isso nem é um diferencial. Controles de estoque, embalagens modernas e rotatividade fazem praticamente tudo que é bolacha estar nova quando se vai comer, mas lá na idade média (anos 80) fazia muita diferença. A Campanha “Qual é o segredo de Tostines foi criado em 1984 (estamos velhos, muito velhos) e substituiu no imaginário popular o slogan da São Luiz, “É Hora do lanche que hora tão feliz, queremos biscoitos São Luiz”

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A Semp que nem é mais Toshiba.

Depois de quase 40 anos o casamento entre a Brasileira Semp e a Toshiba brasileira acabou.

A Semp foi fundada em 1942 no centro de São Paulo. Semp é a sigla de  Sociedade Eletro Mercantil Paulista. Afonso Hennel foi seu fundador. Com a II Guerra Mundial as importações para o Brasil de eletrônicos parou, foi aqui que a SEMP começou a fazer seu trabalho. Em 1949 foi a primeira vitrola e em 1951 o primeiro televisor fabricado no Brasil. Nos anos 60 vai para sua nova sede, em Santo Amaro, está lá até hoje, e lança o primeiro estéreo brasileiro.

Nos anos 70 veio a SEMP Amazonas na Zona Franca de Manaus e a fusão com a Toshiba em 1977.

A Toshiba por sua vez já era a fusão de outras empresas que só passa a usar esse nome em 1978. A Toshiba já estava no Brasil desde os anos 60, mas fabricava apenas alguns componentes. Com a fusão veio a era de ouro, o primeiro televisor a cores aconteceu logo depois da fusão.

Mas as coisas mudam , o casamento feliz acabou com a saída da Toshiba ano passado. Agora é SEMP-TCL, uma empresa chinesa. Nem sei em que pé que tá a SEMP-TLC, mas ninguém realmente se importa né.

Os japoneses que eram mais criativos que os japoneses dos outros nem são mais japoneses. O fim da era aconteceu, os produtos já não tinham toda a importância de antes a bastante tempo.

Mas ficam os ótimos comerciais, e é disso que nos lembramos.

A Semp Toshiba já teve muita importância no mercado e no seus tempos áureos teve ótimos comerciais. E eles eram os caras durante todo o período da reserva de mercado, depois a vida foi ficando mais complicada.

Isso envelheceu mal, mas na época já me soava bastante vergonha alheia isso ai

Esse mais novo já é chatinho
Esse é um dos melhores

A camisa do Fernandinho e como as coisas mudam.

A USTOP vende roupas, e acho que ainda vende, não entendo muito de roupas e moda, mas tenho a impressão de que ninguém se importa mais.

Sim, ainda existe, mas, realmente, ninguém se importa mais.

Mas nos anos 80 eles tinham uma campanha tão boa e um comercial tão legal, que da marca ninguém deve lembrar muito, eu não lembrava, mas lembrava claramente do Bonita Camisa Fernandinho. Esse foi o primeiro.

Essa foi outra campanha, de quase 10 anos antes, não tão marcante, como a bonita camisa do Fernandinho, mas mostra bem a diferença de época, do rebelde dos anos 70 para o yuppie dos ano 80.

Aqui a campanha completa do Fernandinho

E esse crossover com o Mon Bijou

 

E essa paródia do TV Pirata

O ideal da juventude nos anos 70 era ser livre, rolava todo o lance de abaixo as antigas instituições e tal, nos anos 80 era se garantir, agradar o chefe e conseguir uma bela mulher. Cada época tem sua cara, não que todos na tal época seriam iguais, mas um especto mais geral sempre aparece. Se pra vender roupas pra jovens nos anos 70 o modelo era o cabeludo rebelde, a Ustop tinha o mauricinho de cabelo lambido 10 anos depois. E hoje? qual é o ideal do jovem?

O modelo da Ustop dos anos 80 nem funcionaria hoje, certinho demais, sem cara de modelo, comum demais. Se na primeira propaganda dos anos 70 o grupo era importante e se diferenciar era desejável, nos anos 80 é exatamente o inverso, não de deve diferenciar do grupo, mas sim se destacar, e é cada um por si, só a um lugar para o primeiro lugar e só esse lugar importa. Todas as esperanças e otimismos dos anos 70 estavam indo ralo abaixo, e mais ainda no nosso momento de vida, mas um comercial assim seria um desastre, vivemos um momento que a necessidade de não se afogar junto é grande, mas sair por ai gritando isso se tornou bem feio.

E é por isso que adoro comerciais, eles se tornam parte da vida, quando bem feitos, são lembrados e olhando para eles podemos ver o espírito de uma época. Num filme ou numa música esse espírito também é percebível, mas é nos comerciais, naqueles 30 segundos, que vemos o espelho bruto e direto de quem éramos ou somos.