Tutorial de informática para viajantes do tempo

Se você, viajar no tempo, acidentalmente ou de propósito, parar entre 1982 e 1992. Correrá o risco de em algum momento ficar entediado e querer jogar um game naquele pc vestindo aquela capa plástica idiota do seu lado. Numa torrente de acontecimentos mais bizarros (muito comuns em viagens no tempo), sua vida pode depender de você jogar um jogo no tal pc.

Aí, você entra no jogo (como já foi explicado em outro tutorial sobre viagem no tempo) e o maldito jogo pergunta:

(E)GA
(C)GA
(T)ANDY
(H)ERCULES

Vamos explicar, esses são placas gráficas diferentes, o que você tem que fazer é respirar fundo e tentar uma delas. Se sua vida depender de acertar na primeira vamos a explicações:

CGA é o Colour Graphics Adapter, criada pela IBM em 1981, se o pc que vc estiver foi um IBM com cara de velho, vai fundo! digita C e salve o mundo.

EGA: também é uma placa da IBM, de 1984, mas só ficou popular anos depois pelo alto preço. Olhe em volta, você está numa mansão, na sua frente um IBM novinho, e você está em 1984? vai fundo e escola E.

HERCULES: Era do concorrente, mais barata e criada em 1982. Se o IBM na sua frente tem cara de mexido, o dono dele tem cara de geek, vai fundo, escolha H. Era fabricada pela Hercules Computer Technology.

TANDY era também de concorrente, de 1984, muito mais barata que as outras, mesmo caso acima, mas valendo para 1984.

Você pode achar que esse post foi completamente geek e sem sentido, mas quando sua vida for salva durante uma viagem no tempo você pensará diferente.

O Segredo de Tostines


É interessante como lembramos de fragmentos das coisas, principalmente comerciais. Uma vez vi que se você cria uma propaganda memorável, mas o consumidor não lembra o nome do seu produto, você falhou. Não consigo lembrar o nome daquela vitamina em pó dos anos 80 em que na propaganda um cara segurava o caminhão na ladeira. Também não consegui lembrar o nome do pudim que tinha um gatilho pra tirá-lo do potinho, no comercial tinha um ladrão que parava o roubo para comer o tal pudim e era pego por fazer barulho com o gatilho, aquele tipo de coisa que fica coçando no fundo do cérebro e não vem à tona. Claro estou falando de lembrar de coisas de 30 anos atrás, mas algumas propagandas são tão boas em fixar o nome do produto que merecem ser vistas e revistas. é o caso de Tostines e seu segredo.

Ficou conhecido como Dilema Tostines, muito além da propaganda, toda vez que para resolver um problema é necessário que se chegue a solução do mesmo problema que se quer resolver. Como o caso citado acima. Outro exemplo é precisar de um emprego para fazer faculdade, mas precisar de faculdade para ter um emprego.
O dilema Tostines. Uma ótima sacada da propaganda “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?” Eu me descobri velho quando disse para um amigo de 20 e poucos anos de idade que precisar da internet pra atualizar o driver do modem para conectar na internet era um dilema tostines. Primeiro ele desconhecia o dilema, depois ele desconhecia o que é ficar sem internet. É a vida.

Que acredito ter sido seguida por essa campanha

A campanha do final dos anos 90 também foi muito boa

 

A campanha é ótima, num desenho animado muito menos lembrado que o slogan. Hoje isso nem é um diferencial. Controles de estoque, embalagens modernas e rotatividade fazem praticamente tudo que é bolacha estar nova quando se vai comer, mas lá na idade média (anos 80) fazia muita diferença. A Campanha “Qual é o segredo de Tostines foi criado em 1984 (estamos velhos, muito velhos) e substituiu no imaginário popular o slogan da São Luiz, “É Hora do lanche que hora tão feliz, queremos biscoitos São Luiz”

Links:
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Fluffy

Um brinquedo que muita gente que foi criança nos anos 90, não deve lembrar muito dele, mas ao olhar para esse monte de fios de borracha sentira o saudosismo coçando no fundo do cérebro. Entenda de onde veio uma das mais loucas febres de brinquedos. Com vocês: Fluffy. (Pelo menos é o nome que você conhece). E fale a verdade, num dia tenso no escritório esse monte de borracha seria um stress relief perfeito.

Para explicar como isso fez sucesso temos que levar em consideração a nossa enorme capacidade de antropomorfizar qualquer coisa. De algum modo ao olhar para esse monte de borracha sentíamos algum tipo de afeição, dávamos características de um monstrinho simpático pra isso, principalmente quando apareceram as versões com cabeça e bracinhos.

Esse monte de borracha foi uma febre. Eu tive um desses com cara e acho que mais algum simples. Era difícil explicar por que diabos isso parecia tão legal? Mas era, foi uma febre. Acredito que vieram pra cá via China, vendidos em todo lugar, como foi o mundo depois das importações abertas. Não achei nenhum fabricante e nem descobri um outro nome diferente de Fluffy. Como praticamente só retorna resultado nacional para o tal fluffy é certeza que esse monte de borracha tem outro nome no resto do mundo… Descobri, é Koosh ball

A bola koosh foi o primeiro de uma linha de produtos aproveitando a ideia da bola de fios de borracha. Eram aproximadamente 2000 fios de borracha em um núcleo de borracha sólida. A ideia original era uma nova bola para crianças. A patente vem de 1988 e é obra de Scott Sallinger e foram fabricadas e comercializadas pela empresa do tal do Scott ai, mas hoje são fabricadas e comercializadas pela Hasbro.

Como eu disse no começo desse texto, não acredito que as que vieram para cá eram do Scott Sallinger, não lembro de embalagens e coisas do tipo e nem de um fabricante nacional. A impressão que tenho é que eram vendidas em lojas que contrabandeavam importavam brinquedos quase iguais aos originais.

Os Fluffys monstrinhos eram a versão que apareceu por aqui dos Koosh Kins. Na primeira série de bonecos (ou bolas) os Kosh tinham 6 membros, por aqui lembro de apenas uma versão, que variava bastante de cor. Os koshs tiveram uma história em quadrinhos que explicou como eles vieram do planeta Kosh e foram catapultados para o resto do universo quando exploravam um vulcão. Mais tarde vieram os produtos licenciados, ai tinha bolha de borracha com cara de tudo que é personagem. Disney, Muppets entre outros.

Mais de 50 produtos com a bola Koosh foram feitos. Até um tipo de arma Nerf. Mas, mesmo que tenha o nome kososh, o tal brinquedo não tem muita graça, só solta uma bola careca, sem os tais filamentos de borracha. Chaveiros koosh foram bem comuns por aqui, e pelo que li nesse texto, muito comuns em Portugal também, onde o Koosh (ou Fluffy) foi mais um chaveiro de meninas do que um brinquedo.

Links:

https://fofurisse.wordpress.com/2014/10/12/especial-dia-das-criancas-meus-favoritos/ http://www.museugrandesnovidades.com.br/2013/07/fluffy.html http://www.museugrandesnovidades.com.br/2013/07/fluffy.html http://aindasoudotempo.blogspot.com.br/2015/05/das-bolas-fluffy-ou-koosh.html https://en.wikipedia.org/wiki/Koosh_ball https://en.wikipedia.org/wiki/Koosh_Kins http://sciencepole.com/koosh-kins/ http://anos70e80blogpaulafagundes.blogspot.com.br/2013/06/fluffy-brinquedo.html 

A Semp que nem é mais Toshiba.

Depois de quase 40 anos o casamento entre a Brasileira Semp e a Toshiba brasileira acabou.

A Semp foi fundada em 1942 no centro de São Paulo. Semp é a sigla de  Sociedade Eletro Mercantil Paulista. Afonso Hennel foi seu fundador. Com a II Guerra Mundial as importações para o Brasil de eletrônicos parou, foi aqui que a SEMP começou a fazer seu trabalho. Em 1949 foi a primeira vitrola e em 1951 o primeiro televisor fabricado no Brasil. Nos anos 60 vai para sua nova sede, em Santo Amaro, está lá até hoje, e lança o primeiro estéreo brasileiro.

Nos anos 70 veio a SEMP Amazonas na Zona Franca de Manaus e a fusão com a Toshiba em 1977.

A Toshiba por sua vez já era a fusão de outras empresas que só passa a usar esse nome em 1978. A Toshiba já estava no Brasil desde os anos 60, mas fabricava apenas alguns componentes. Com a fusão veio a era de ouro, o primeiro televisor a cores aconteceu logo depois da fusão.

Mas as coisas mudam , o casamento feliz acabou com a saída da Toshiba ano passado. Agora é SEMP-TCL, uma empresa chinesa. Nem sei em que pé que tá a SEMP-TLC, mas ninguém realmente se importa né.

Os japoneses que eram mais criativos que os japoneses dos outros nem são mais japoneses. O fim da era aconteceu, os produtos já não tinham toda a importância de antes a bastante tempo.

Mas ficam os ótimos comerciais, e é disso que nos lembramos.

A Semp Toshiba já teve muita importância no mercado e no seus tempos áureos teve ótimos comerciais. E eles eram os caras durante todo o período da reserva de mercado, depois a vida foi ficando mais complicada.

Isso envelheceu mal, mas na época já me soava bastante vergonha alheia isso ai

Esse mais novo já é chatinho
Esse é um dos melhores

Jed, Aquele Cão-Lobo que todos com mais de 30 amavam, mas talvez não lembram.

 

É tarde da noite, uma reprise passa no Corujão, O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982), você começa a ver e é claro, já viu esse filme antes. O filme vai passando, você meio dormindo, mas uma cena chama sua atenção, dá aquela despertada e na tela, aquele cachorro que corria no começo do filme agora virou um monstro. Os efeitos especiais são ótimos e tal, mas não é essa parte que interessa hoje, mas sim o tal cão, ou lobo, na verdade as duas coisas.

Jed não é lembrado por esse seu pequeno primeiro papel no cinema, mas é muito lembrado por Caninos Brancos (White Fang, 1991).
Caninos Brancos, (White Fang, 1991) é uma adaptação do livro de Jack London de 1910. Durante a corrida do ouro, um filhote de lobo é capturado e feito animal de estimação. É um daqueles filmes da época que a Disney ainda fazia live actions (com o selo Disney) e é daqueles filmes que toda criança nos anos 90 assistiu e que hoje se perguntaria: Como me deixaram ver isso?

trailer


Os longas para crianças nos anos 80 e começo dos anos 90 eram do tipo formadores de caráter, em outras palavras, traumatizar para toda a vida. Não acredita: O regresso do Corcel Negro, Em Busca do Vale Encantado, Labirinto, e é claro Caninos Brancos.

Antes disso Jed já fez outro grande papel, Viagem Clandestina ou a Grande Jornada, o filme saiu com esse dois nomes no Brasil (The Journey of Natty Gann, 1985). Esse é um ótimo filme da era dos live actions dramas da Disney, o tipo de coisa que, como Caninos Brancos, formou caráter, mas que hoje é considerado um tanto emocionalmente pesado para crianças.

Não lembra? Toma uma resenha:

Em 1935, durante a depressão, o pai de Natty só arruma um emprego numa madeireira muito longe de casa, ele não tem como levar a filha de 12 anos. Ele a deixa a cuidados de uma amiga, que odeia a menina e vai, assim que recebesse o primeiro salário mandaria dinheiro para ela viajar. Mas ela foge e toma uma grande viagem até seu pai. No caminho ela resgata um cão-lobo de rinhas de cães e conhece Harry, um órfão. É uma boa história de crescimento, jornada e estrada.

trailer do filme

A  participação do nosso lobo preferido

Um ótimo filme, difícil de achar, beirando o quase impossível, Caninos Brancos é bem mais acessível, e tão bom quanto, mas vale o esforço de procurar Viagem Clandestina. Ainda é um ótimo filme de busca, crescimento, jornada e todas essas coisas esperadas de um filme desses.

Mas, Jed morreu depois de um filme bem ruim, como Raul Julia que tem uma carreira impecável, mas tem como seu último filme Street Fighter. Jed morreu um ano após reprisar seu papel em Caninos Brancos 2. Deve ter morrido de roteirite. Eita filme ruim.

Tudo que Caninos Brancos tem de bom, sua continuação tem de ruim. Roteiro fraco, continuação desnecessária e um drama completamente vazio. Pra quem é muito novo é como  Marley e Eu e sua continuação completamente esquecível.

Jed nasceu em 1977 e morreu aos 18 anos em 1995, ele ela misto de lobo com malamute do Alasca. Com 4 filmes, e em dois no papel principal, foi o cão que muita criança, hoje beirando os 40, gostaria de ter. Ele foi treinado por Clint Rowe, um dos mais famosos treinadores de animais de Hollywood.

Links:

https://en.wikipedia.org/wiki/Jed_(wolfdog)

Jed the Wolf Dog

http://www.imdb.com/name/nm0746487/

https://hubpages.com/animals/jed-white-fang-natty-gann

https://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=86513580

 

 

 

A camisa do Fernandinho e como as coisas mudam.

A USTOP vende roupas, e acho que ainda vende, não entendo muito de roupas e moda, mas tenho a impressão de que ninguém se importa mais.

Sim, ainda existe, mas, realmente, ninguém se importa mais.

Mas nos anos 80 eles tinham uma campanha tão boa e um comercial tão legal, que da marca ninguém deve lembrar muito, eu não lembrava, mas lembrava claramente do Bonita Camisa Fernandinho. Esse foi o primeiro.

Essa foi outra campanha, de quase 10 anos antes, não tão marcante, como a bonita camisa do Fernandinho, mas mostra bem a diferença de época, do rebelde dos anos 70 para o yuppie dos ano 80.

Aqui a campanha completa do Fernandinho

E esse crossover com o Mon Bijou

 

E essa paródia do TV Pirata

O ideal da juventude nos anos 70 era ser livre, rolava todo o lance de abaixo as antigas instituições e tal, nos anos 80 era se garantir, agradar o chefe e conseguir uma bela mulher. Cada época tem sua cara, não que todos na tal época seriam iguais, mas um especto mais geral sempre aparece. Se pra vender roupas pra jovens nos anos 70 o modelo era o cabeludo rebelde, a Ustop tinha o mauricinho de cabelo lambido 10 anos depois. E hoje? qual é o ideal do jovem?

O modelo da Ustop dos anos 80 nem funcionaria hoje, certinho demais, sem cara de modelo, comum demais. Se na primeira propaganda dos anos 70 o grupo era importante e se diferenciar era desejável, nos anos 80 é exatamente o inverso, não de deve diferenciar do grupo, mas sim se destacar, e é cada um por si, só a um lugar para o primeiro lugar e só esse lugar importa. Todas as esperanças e otimismos dos anos 70 estavam indo ralo abaixo, e mais ainda no nosso momento de vida, mas um comercial assim seria um desastre, vivemos um momento que a necessidade de não se afogar junto é grande, mas sair por ai gritando isso se tornou bem feio.

E é por isso que adoro comerciais, eles se tornam parte da vida, quando bem feitos, são lembrados e olhando para eles podemos ver o espírito de uma época. Num filme ou numa música esse espírito também é percebível, mas é nos comerciais, naqueles 30 segundos, que vemos o espelho bruto e direto de quem éramos ou somos.