Genius

Genius

Chamado no mundo todo por Simon, mas aqui no Brasil foi rebatizado como Genius, provavelmente o primeiro brinquedo eletrônico de muita gente.

A Estrela, quando era uma potência, até onde sei foi o primeiro brinquedo eletrônica lançado no Brasil. Ele é uma produção de  Ralph H. Baer e Howard J. Morrison , com a programação de software por Lenny Cope. O negócio usava um processador Texas e foi um sucesso nos anos 70 e 80, depois adquirido pela Hasbro e lançado pra todo canto.

O jogo é simples, em um disco de plástico existem 4 peças coloridas, elas emitem som e luz, o jogo consistem em repetir a sequência que vai crescendo de elementos, um erro e o jogo é perdido. Existem variações, como multi jogador e free style.

É um treco divertido, hoje bastante simples, mas ainda impressionante visualmente pela sua robustez e design. Pode ser considerado, de certa forma, o primeiro game portátil. E o bicho chupava pilhas com toda a sede do inferno. A versão retrô vendida pela Estrela está otimizada, ainda bem, ele usa 4 pilhas pequenas e duram bem.

O novo Simon, parece um frisbee

Esse vídeo da excelente Little Miss Gamer sobre o Simon ou Genius.

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Tutorial de informática para viajantes do tempo

Se você, viajar no tempo, acidentalmente ou de propósito, parar entre 1982 e 1992. Correrá o risco de em algum momento ficar entediado e querer jogar um game naquele pc vestindo aquela capa plástica idiota do seu lado. Numa torrente de acontecimentos mais bizarros (muito comuns em viagens no tempo), sua vida pode depender de você jogar um jogo no tal pc.

Aí, você entra no jogo (como já foi explicado em outro tutorial sobre viagem no tempo) e o maldito jogo pergunta:

(E)GA
(C)GA
(T)ANDY
(H)ERCULES

Vamos explicar, esses são placas gráficas diferentes, o que você tem que fazer é respirar fundo e tentar uma delas. Se sua vida depender de acertar na primeira vamos a explicações:

CGA é o Colour Graphics Adapter, criada pela IBM em 1981, se o pc que vc estiver foi um IBM com cara de velho, vai fundo! digita C e salve o mundo.

EGA: também é uma placa da IBM, de 1984, mas só ficou popular anos depois pelo alto preço. Olhe em volta, você está numa mansão, na sua frente um IBM novinho, e você está em 1984? vai fundo e escola E.

HERCULES: Era do concorrente, mais barata e criada em 1982. Se o IBM na sua frente tem cara de mexido, o dono dele tem cara de geek, vai fundo, escolha H. Era fabricada pela Hercules Computer Technology.

TANDY era também de concorrente, de 1984, muito mais barata que as outras, mesmo caso acima, mas valendo para 1984.

Você pode achar que esse post foi completamente geek e sem sentido, mas quando sua vida for salva durante uma viagem no tempo você pensará diferente.

TV – Vídeo Cassete Dueto Philco

 

Um dos produtos mais idiotas já criados pela humanidade é o dueto da Philco. Uma TV (nas opções de 20 e 14) acopladas com um vídeo cassete. Pra quem conviveu com esses rodadores de fita sabe o transtorno que era quando uma fita enroscava ou quando o cabeçote precisava de um banho. Juntar isso a um trambolho de uma TV era uma péssima ideia. 2x mais coisas para darem defeito.

Mas nem tudo era ruim nessa aberração da Philco, os comerciais eram bem legais. É… eram legais pra época, hoje são um tanto quanto racistas e estereotipados. Campanha veiculada no início dos anos 90.

a campanha teve 2 comerciais (pelo menos me lembro de apenas dois). No primeiro o índio, (que depois descobriríamos que chama Grande pai 20) encosta seu ouvido no solo e escuta quem vem. Ele relata que são dois, sempre juntos “tv em cima, vídeo cassete em baixo”.

No segundo comercial, Grande Pai 20 fala ao pequeno 14 sobre as vantagens da TV e do vídeo cassete “Mas aquele monte de fio para ligar é um pé no saco”.

Não foi apena nessa campanha que o Philco usou o tema de velho Oeste.

Esse nem é tão memorável, mas é legal também. O pistoleiro mata o vídeo cassete velho.

O Segredo de Tostines


É interessante como lembramos de fragmentos das coisas, principalmente comerciais. Uma vez vi que se você cria uma propaganda memorável, mas o consumidor não lembra o nome do seu produto, você falhou. Não consigo lembrar o nome daquela vitamina em pó dos anos 80 em que na propaganda um cara segurava o caminhão na ladeira. Também não consegui lembrar o nome do pudim que tinha um gatilho pra tirá-lo do potinho, no comercial tinha um ladrão que parava o roubo para comer o tal pudim e era pego por fazer barulho com o gatilho, aquele tipo de coisa que fica coçando no fundo do cérebro e não vem à tona. Claro estou falando de lembrar de coisas de 30 anos atrás, mas algumas propagandas são tão boas em fixar o nome do produto que merecem ser vistas e revistas. é o caso de Tostines e seu segredo.

Ficou conhecido como Dilema Tostines, muito além da propaganda, toda vez que para resolver um problema é necessário que se chegue a solução do mesmo problema que se quer resolver. Como o caso citado acima. Outro exemplo é precisar de um emprego para fazer faculdade, mas precisar de faculdade para ter um emprego.
O dilema Tostines. Uma ótima sacada da propaganda “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?” Eu me descobri velho quando disse para um amigo de 20 e poucos anos de idade que precisar da internet pra atualizar o driver do modem para conectar na internet era um dilema tostines. Primeiro ele desconhecia o dilema, depois ele desconhecia o que é ficar sem internet. É a vida.

Que acredito ter sido seguida por essa campanha

A campanha do final dos anos 90 também foi muito boa

 

A campanha é ótima, num desenho animado muito menos lembrado que o slogan. Hoje isso nem é um diferencial. Controles de estoque, embalagens modernas e rotatividade fazem praticamente tudo que é bolacha estar nova quando se vai comer, mas lá na idade média (anos 80) fazia muita diferença. A Campanha “Qual é o segredo de Tostines foi criado em 1984 (estamos velhos, muito velhos) e substituiu no imaginário popular o slogan da São Luiz, “É Hora do lanche que hora tão feliz, queremos biscoitos São Luiz”

Links:
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Fluffy

Um brinquedo que muita gente que foi criança nos anos 90, não deve lembrar muito dele, mas ao olhar para esse monte de fios de borracha sentira o saudosismo coçando no fundo do cérebro. Entenda de onde veio uma das mais loucas febres de brinquedos. Com vocês: Fluffy. (Pelo menos é o nome que você conhece). E fale a verdade, num dia tenso no escritório esse monte de borracha seria um stress relief perfeito.

Para explicar como isso fez sucesso temos que levar em consideração a nossa enorme capacidade de antropomorfizar qualquer coisa. De algum modo ao olhar para esse monte de borracha sentíamos algum tipo de afeição, dávamos características de um monstrinho simpático pra isso, principalmente quando apareceram as versões com cabeça e bracinhos.

Esse monte de borracha foi uma febre. Eu tive um desses com cara e acho que mais algum simples. Era difícil explicar por que diabos isso parecia tão legal? Mas era, foi uma febre. Acredito que vieram pra cá via China, vendidos em todo lugar, como foi o mundo depois das importações abertas. Não achei nenhum fabricante e nem descobri um outro nome diferente de Fluffy. Como praticamente só retorna resultado nacional para o tal fluffy é certeza que esse monte de borracha tem outro nome no resto do mundo… Descobri, é Koosh ball

A bola koosh foi o primeiro de uma linha de produtos aproveitando a ideia da bola de fios de borracha. Eram aproximadamente 2000 fios de borracha em um núcleo de borracha sólida. A ideia original era uma nova bola para crianças. A patente vem de 1988 e é obra de Scott Sallinger e foram fabricadas e comercializadas pela empresa do tal do Scott ai, mas hoje são fabricadas e comercializadas pela Hasbro.

Como eu disse no começo desse texto, não acredito que as que vieram para cá eram do Scott Sallinger, não lembro de embalagens e coisas do tipo e nem de um fabricante nacional. A impressão que tenho é que eram vendidas em lojas que contrabandeavam importavam brinquedos quase iguais aos originais.

Os Fluffys monstrinhos eram a versão que apareceu por aqui dos Koosh Kins. Na primeira série de bonecos (ou bolas) os Kosh tinham 6 membros, por aqui lembro de apenas uma versão, que variava bastante de cor. Os koshs tiveram uma história em quadrinhos que explicou como eles vieram do planeta Kosh e foram catapultados para o resto do universo quando exploravam um vulcão. Mais tarde vieram os produtos licenciados, ai tinha bolha de borracha com cara de tudo que é personagem. Disney, Muppets entre outros.

Mais de 50 produtos com a bola Koosh foram feitos. Até um tipo de arma Nerf. Mas, mesmo que tenha o nome kososh, o tal brinquedo não tem muita graça, só solta uma bola careca, sem os tais filamentos de borracha. Chaveiros koosh foram bem comuns por aqui, e pelo que li nesse texto, muito comuns em Portugal também, onde o Koosh (ou Fluffy) foi mais um chaveiro de meninas do que um brinquedo.

Links:

https://fofurisse.wordpress.com/2014/10/12/especial-dia-das-criancas-meus-favoritos/ http://www.museugrandesnovidades.com.br/2013/07/fluffy.html http://www.museugrandesnovidades.com.br/2013/07/fluffy.html http://aindasoudotempo.blogspot.com.br/2015/05/das-bolas-fluffy-ou-koosh.html https://en.wikipedia.org/wiki/Koosh_ball https://en.wikipedia.org/wiki/Koosh_Kins http://sciencepole.com/koosh-kins/ http://anos70e80blogpaulafagundes.blogspot.com.br/2013/06/fluffy-brinquedo.html 

A Semp que nem é mais Toshiba.

Depois de quase 40 anos o casamento entre a Brasileira Semp e a Toshiba brasileira acabou.

A Semp foi fundada em 1942 no centro de São Paulo. Semp é a sigla de  Sociedade Eletro Mercantil Paulista. Afonso Hennel foi seu fundador. Com a II Guerra Mundial as importações para o Brasil de eletrônicos parou, foi aqui que a SEMP começou a fazer seu trabalho. Em 1949 foi a primeira vitrola e em 1951 o primeiro televisor fabricado no Brasil. Nos anos 60 vai para sua nova sede, em Santo Amaro, está lá até hoje, e lança o primeiro estéreo brasileiro.

Nos anos 70 veio a SEMP Amazonas na Zona Franca de Manaus e a fusão com a Toshiba em 1977.

A Toshiba por sua vez já era a fusão de outras empresas que só passa a usar esse nome em 1978. A Toshiba já estava no Brasil desde os anos 60, mas fabricava apenas alguns componentes. Com a fusão veio a era de ouro, o primeiro televisor a cores aconteceu logo depois da fusão.

Mas as coisas mudam , o casamento feliz acabou com a saída da Toshiba ano passado. Agora é SEMP-TCL, uma empresa chinesa. Nem sei em que pé que tá a SEMP-TLC, mas ninguém realmente se importa né.

Os japoneses que eram mais criativos que os japoneses dos outros nem são mais japoneses. O fim da era aconteceu, os produtos já não tinham toda a importância de antes a bastante tempo.

Mas ficam os ótimos comerciais, e é disso que nos lembramos.

A Semp Toshiba já teve muita importância no mercado e no seus tempos áureos teve ótimos comerciais. E eles eram os caras durante todo o período da reserva de mercado, depois a vida foi ficando mais complicada.

Isso envelheceu mal, mas na época já me soava bastante vergonha alheia isso ai

Esse mais novo já é chatinho
Esse é um dos melhores

A Culpa é do Wes Cherry

 

Estamos em 1992 e você trabalha num escritório, está digitando algumas coisas do Wordstar (o avô do Word), o chefe resolve dar uma saidinha, o escritório está vazio. Você salva cuidadosamente o documento, digita C:\win.com e inicia o Windows 3.0. Vai até a janela jogos e clica no Paciência.

O tempo passa, você se distrai e quando percebe é tarde demais, o chefe já viu e você já está tomando esporro. Sabe de quem é a culpa?

De Wes Cherry.

Os jogos de cartas para computador apareceram logo no início da computação, sua simplicidade permitiam aos programadores o fazerem, ainda que nem tivessem essas cartinhas bonitinhas, eram só modo texto.

Mas a Microsoft que popularizou o jogo, primeiro rodando uma versão para Spectrum lançada em 1988, que também rodava em PCs. Mas esse é só o começo, mas longe de ser o clássico com suas cartas temáticas e final único.

Mas a grande popularidade do jogo de cartas que a sua avó jogava (acho que nem avós jogam mais com cartas) veio em 1990 com o Windows 3.0

Wes Cherry era estagiário na Microsoft, e por um acaso, como estudo, tinha criado uma versão do Klondike (outro nome para paciência) para o Windows 2.2 (Sim, aquele Windows que ninguém lembra e que praticamente ninguém usava). Mas a Microsoft precisava vender se Windows, e ensinar as pessoas como usar o mouse. Acreditem, em 1990 era complicado pra uma cacetada de gente apontar, arrastar, clicar e dar double click. E o Paciência (originalmente chamado de Solitaire) foi a solução.

Um jogo que exigia todos esses movimentos, rodava bem e era suficientemente casual para ser nativo de uma plataforma de trabalho e entretenimento como o Windows tentava ser. Lembre-se, nessa época Windows não era um sistema operacional, era considerado pouco mais que uma curiosidade. Vendê-lo era necessário, era uma nova ideia, mais ou menos como a Apple convenceu todo mundo de que um tablet era uma boa ideia.

A coisa deu certo, muito certo, nos anos 90 explodiram versões de paciência, fáceis de programar, e com um interesse estabelecido era de se esperar um número absurdos de sharewares (o elo perdido entre o demo e o software) e foi o que tivemos. Praticamente toda publicação de distribuição, como aquelas revistas que vinham com disquetes e posteriormente com cds de jogos traziam alguma versão de Paciência.

O tempo passou e com o Windows 95 veio o Freecell e com o XP veio o Spider.

Wes Cherry é pouco lembrado por seu feito, pelo qual não recebeu nada, ele só veio ganhar algum dinheiro com sua versão de Pipe Dream para Windows 3.0, mas nada demais, só uma centena de dólares.

Numa entrevista Cherry disse que se recente por não receber por seu trabalho em Paciência, principalmente porque quem jogou, provavelmente foi pago para jogar. Na mesma entrevista ele revela o quanto odeia Freecell e que gostaria que todo mundo que jogou Paciência lhe pagasse um centavo, ele até prometeu uma grande festa se isso acontecer.

Também revelou que existia um atalho secreto no jogo que disfarçava a tela com uma tela de trabalho genérica, mas a Microsoft a removeu. Entre outras curiosidades revelou que o design das cartas foram feitos por sua namorada na época, e que uma das estampas menos lembradas, aquele cara segurando os ases, a última da seleção, foi inspirada nessa música do Greatful Dead

Hoje em dia Wes Cherry não trabalha mais com computadores, ele gerencia sua própria produção de cidra de maçã (não, ele não é dono da Cereser). Sua empresa tem o nome badass de Dragon´s Head Cider.

Cherry pode ser o causador de milhões de horas de improdutibilidade e o maior causador de demissões do mundo, pode até ter causado uma grande crise em 1991, mas não dá pra negar que todos nós, em algum momento, jogamos o seu joguinho (ou uma versão qualquer dele).

Wes Cherry, minha avó, dona Cita, que adora paciência e odeia embaralhar é eternamente agradecida ao senhor.

E lembrando, para virar uma única carta precione Ctrl-Shift-Alt antes de clicar no monte.

Paciência está listado entre os 12 finalistas para entrar para o Hall of Fame of Games, torcemos por ele.

E anos atrás um grupo de artistas fez essa escultura aqui, se você é velho ficará emocionado. Lars Marcus e Theos cotaram e colaram mais de 1000 cartas para produzir isso.

Eu ia adorar tem um desses:

Links:

How a College Intern Created Microsoft Solitaire, Possibly the Most Played Computer Game Ever

http://www.b3ta.com/interview/solitaire/

http://www.dragonsheadcider.com/

https://en.wikipedia.org/wiki/Microsoft_Solitaire

http://laughterizer.weebly.com/home/lars-marcus-and-theos-real-life-solitaire-sculpture

The History of Computer Solitaire

 

 

Jed, Aquele Cão-Lobo que todos com mais de 30 amavam, mas talvez não lembram.

 

É tarde da noite, uma reprise passa no Corujão, O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982), você começa a ver e é claro, já viu esse filme antes. O filme vai passando, você meio dormindo, mas uma cena chama sua atenção, dá aquela despertada e na tela, aquele cachorro que corria no começo do filme agora virou um monstro. Os efeitos especiais são ótimos e tal, mas não é essa parte que interessa hoje, mas sim o tal cão, ou lobo, na verdade as duas coisas.

Jed não é lembrado por esse seu pequeno primeiro papel no cinema, mas é muito lembrado por Caninos Brancos (White Fang, 1991).
Caninos Brancos, (White Fang, 1991) é uma adaptação do livro de Jack London de 1910. Durante a corrida do ouro, um filhote de lobo é capturado e feito animal de estimação. É um daqueles filmes da época que a Disney ainda fazia live actions (com o selo Disney) e é daqueles filmes que toda criança nos anos 90 assistiu e que hoje se perguntaria: Como me deixaram ver isso?

trailer


Os longas para crianças nos anos 80 e começo dos anos 90 eram do tipo formadores de caráter, em outras palavras, traumatizar para toda a vida. Não acredita: O regresso do Corcel Negro, Em Busca do Vale Encantado, Labirinto, e é claro Caninos Brancos.

Antes disso Jed já fez outro grande papel, Viagem Clandestina ou a Grande Jornada, o filme saiu com esse dois nomes no Brasil (The Journey of Natty Gann, 1985). Esse é um ótimo filme da era dos live actions dramas da Disney, o tipo de coisa que, como Caninos Brancos, formou caráter, mas que hoje é considerado um tanto emocionalmente pesado para crianças.

Não lembra? Toma uma resenha:

Em 1935, durante a depressão, o pai de Natty só arruma um emprego numa madeireira muito longe de casa, ele não tem como levar a filha de 12 anos. Ele a deixa a cuidados de uma amiga, que odeia a menina e vai, assim que recebesse o primeiro salário mandaria dinheiro para ela viajar. Mas ela foge e toma uma grande viagem até seu pai. No caminho ela resgata um cão-lobo de rinhas de cães e conhece Harry, um órfão. É uma boa história de crescimento, jornada e estrada.

trailer do filme

A  participação do nosso lobo preferido

Um ótimo filme, difícil de achar, beirando o quase impossível, Caninos Brancos é bem mais acessível, e tão bom quanto, mas vale o esforço de procurar Viagem Clandestina. Ainda é um ótimo filme de busca, crescimento, jornada e todas essas coisas esperadas de um filme desses.

Mas, Jed morreu depois de um filme bem ruim, como Raul Julia que tem uma carreira impecável, mas tem como seu último filme Street Fighter. Jed morreu um ano após reprisar seu papel em Caninos Brancos 2. Deve ter morrido de roteirite. Eita filme ruim.

Tudo que Caninos Brancos tem de bom, sua continuação tem de ruim. Roteiro fraco, continuação desnecessária e um drama completamente vazio. Pra quem é muito novo é como  Marley e Eu e sua continuação completamente esquecível.

Jed nasceu em 1977 e morreu aos 18 anos em 1995, ele ela misto de lobo com malamute do Alasca. Com 4 filmes, e em dois no papel principal, foi o cão que muita criança, hoje beirando os 40, gostaria de ter. Ele foi treinado por Clint Rowe, um dos mais famosos treinadores de animais de Hollywood.

Links:

https://en.wikipedia.org/wiki/Jed_(wolfdog)

Jed the Wolf Dog

http://www.imdb.com/name/nm0746487/

https://hubpages.com/animals/jed-white-fang-natty-gann

https://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=86513580

 

 

 

A camisa do Fernandinho e como as coisas mudam.

A USTOP vende roupas, e acho que ainda vende, não entendo muito de roupas e moda, mas tenho a impressão de que ninguém se importa mais.

Sim, ainda existe, mas, realmente, ninguém se importa mais.

Mas nos anos 80 eles tinham uma campanha tão boa e um comercial tão legal, que da marca ninguém deve lembrar muito, eu não lembrava, mas lembrava claramente do Bonita Camisa Fernandinho. Esse foi o primeiro.

Essa foi outra campanha, de quase 10 anos antes, não tão marcante, como a bonita camisa do Fernandinho, mas mostra bem a diferença de época, do rebelde dos anos 70 para o yuppie dos ano 80.

Aqui a campanha completa do Fernandinho

E esse crossover com o Mon Bijou

 

E essa paródia do TV Pirata

O ideal da juventude nos anos 70 era ser livre, rolava todo o lance de abaixo as antigas instituições e tal, nos anos 80 era se garantir, agradar o chefe e conseguir uma bela mulher. Cada época tem sua cara, não que todos na tal época seriam iguais, mas um especto mais geral sempre aparece. Se pra vender roupas pra jovens nos anos 70 o modelo era o cabeludo rebelde, a Ustop tinha o mauricinho de cabelo lambido 10 anos depois. E hoje? qual é o ideal do jovem?

O modelo da Ustop dos anos 80 nem funcionaria hoje, certinho demais, sem cara de modelo, comum demais. Se na primeira propaganda dos anos 70 o grupo era importante e se diferenciar era desejável, nos anos 80 é exatamente o inverso, não de deve diferenciar do grupo, mas sim se destacar, e é cada um por si, só a um lugar para o primeiro lugar e só esse lugar importa. Todas as esperanças e otimismos dos anos 70 estavam indo ralo abaixo, e mais ainda no nosso momento de vida, mas um comercial assim seria um desastre, vivemos um momento que a necessidade de não se afogar junto é grande, mas sair por ai gritando isso se tornou bem feio.

E é por isso que adoro comerciais, eles se tornam parte da vida, quando bem feitos, são lembrados e olhando para eles podemos ver o espírito de uma época. Num filme ou numa música esse espírito também é percebível, mas é nos comerciais, naqueles 30 segundos, que vemos o espelho bruto e direto de quem éramos ou somos.

The Eagle Huntress ou como garotas podem caçar com águias.

O Estúdio Arteprojeto orgulhosamente inaugura seu blog, como essa inauguração, com alguns motivos de agenda de quem vos escreve aconteceu dia 8 de março, nada mais justo do que começar com um texto sobre como mulheres podem fazer tudo, até irem contra a tradição de 4000 anos e treinarem águias reais para a caça.

Conheça Aisholpan, uma garota da Mongólia que aos 13 anos de idade tornou-se mestra na arte da caça com águia e ainda ganhou o campeonato de caça com águias reais mais importante do mundo.

O documentário acompanha a jovem Aisholpan,uma mongol de 13 anos que, a despeito das tradições, quer se tornar uma mestre de águia caçadora. (sei lá como traduzir isso corretamente). A palavra mais próxima é falcoaria, mas o bicho ali é ligeiramente outro A garota e sua família vivem na região de Altai.

The Eagle Huntress foi lançado em 2016, sua filmagens são de 2014 e Aisholpan foi descoberta na parte rural da Mongólia por algumas fotos que circularam no Facebook. Otto Bell gostou do que viu, começou a trabalhar no assunto e em pouco tempo estava voando com a equipe para a Mongólia.

O documentário acompanha a vida de Aishopan Nurgaiv e sua família. Ela, desde pequena encantada com as águias do pai. Sua mãe relata que ela ficava hipnotizada olhando para os animais. Quando sei irmão mais velho vai para o exército, Aisholpan assume muitas das tarefas dele, isso e seu desejo por caçar com águias e sua afeição pelas aves levam a seu pai, indo contra o costume, a ensinar uma garota a caçar com águias.

No começo do documentário vemos a vida na casa modesta da família e uma breve explicação da falcoaria (não existe aguiaria) naquela região e de como os mongóis de origem do Cazaquistão se identificam como povo a partir da caça com águias. Também ficamos sabendo como é a escola, Aisholpan passa a semana em um internato, seus irmãos também, e vão para casa nos fins de semana. Seu maior desejo enquanto está na escola é a chegada logo do fim de semana para treinar com a águia de seu pai.

A primeira parte acaba com um tipo de ritual de passagem, a menina vai até um ninho de águias reais e captura um filhote, segundo seu pai, eles já estão grandes o suficiente para viver fora do ninho, mas ainda incapazes de voar. Eu estava imaginado algo do tamanho de um frango, mas mesmo um filhote de águia real é uma monstruosidade bem agressiva. Aisholpan sobe as montanhas com seu pai, desce um desfiladeiro ingrime e consegue chegar até o ninho e capturar sua águia. O treinamento continua e a águia vai crescendo e se torna um animal bastante forte e com uma conexão bem estabelecida com sua dona.

Na segunda metade é sobre a competição de caça com águias. nunca houve uma mulher que participasse, mesmo que outras mulheres já tenham sido caçadoras com águias. Aisholpan e seu pai rumam em seus pôneis para lá. Somos apresentados a 3 provas. Roupas e cavalo, Puxar a presa e o mais importante, o recebimento da águia. Aisholpan, vai bem nos dois primeiros e quebra o recorde da terceira prova com o tempo absurdo de 5 segundos (a média de tempo é de 11 segundos). Se fosse um filme pareceria forçado demais. Não por ela ser menina, mas por ter apenas 13 anos e competir contra experientes caçadores e mesmo assim ganhar.

E a terceira metade somos apresentados a verdadeira prova de fogo, ou melhor, de gelo. Caçar no inverno, nas fronteiras entre e China e Mongólia. Os pôneis atolam na neve, a águia perde a raposa algumas vezes, é uma parte bastante dramática. O documentário não aponta o tempo de viagem e caça, mas numa entrevista posterior Otto Bell revelou que foram 22 dias.

O documentário ganha pontos com suas imagens, são simplesmente lindas, as montanhas, as rochas e por último a neve. As águias reais são absurdamente lindas em voo, são máquinas de matar de 15 quilos sendo carregadas no braço de uma menina por muitos quilômetros. Visualmente é um documentário irretocável, uma pena eu só conseguir na locadora do Paulo Coelho uma versão de DVD, pelas paisagens e filmagens com gopro nas águias merecia muito ser visto em 1080p.

Como narradora, mas bem pouquinho na verdade, temos Daisy Ridley. A narração é sucinta e pontual, o que deixa espaço para as imagens e para os depoimentos de Aisholpan e sua família, principalmente seu pai. Por outro lado o documentário carece um pouco de informações. A caçada com águias é bastante complexa e difícil de entender apenas observando, e ela só vai acontecer bem no final do filme. Outro ponto negativo são as opiniões de alguns anciões sobre meninas e águias, eles são veementemente contra, mas não sabemos quem são esses homens, só deduzimos que são importantes na comunidade por sua idade e roupas vistosas, mas nenhuma identificação é feita.

Outro problema é a mão pesada no discurso. A mensagem “uma garota pode ser e fazer o que quiser” está clara, muito clara mesmo, não precisava ser reforçado pela narração, pelos depoimentos e pela música dos créditos. Não é uma música ruim, na verdade é até legal, mas é tão obvia em sua letra e tão igual o que já foi afirmado que deixa a coisa mais explicita do que o necessário.

O tempo de documentário é na medida, quase uma hora e meia, talvez um pouco mais de informação seria bem vinda, por outro lado o drama está na dosagem certa. Mesmo sabendo que a menina vai conseguir pegar a águia e que não vai se esborrachar montanha abaixo, mesmo assim a tendência é se inclinar  mais na ponta do só fá e torcer por ela. O mesmo vale para o campeonato e para a caçada na neve.

Aisholpan é duma determinação impar, uma mistura de educação para a caça, condições adversas de clima e vida e temos alguém bastante resiliente e capaz de com apenas 13 anos atravessar a neve puxando um cavalo e carregando uma máquina de matar de 15 quilos no braço.

Li em alguns lugares que o documentário apresenta Aisholpan, a garota que é capaz de inspirar outras meninas a fazerem e ousarem mais, discordarei disso em parte, não é apenas um exemplo positivo para o sexo feminino, mas pra qualquer um.

O filme não tem release oficial em português, mas é relativamente fácil de achar na locadora do Paulo Coelho, também não tem legenda  em português, mas as traduções automáticas da internet deixam as legendas em inglês razoáveis para assistir. O filme é quase todo em Cazaque, então pra maior parte da população as legendas são bem necessárias.

 

Alguns dados que não estão no documentário e que podem tornar a experiencia de vê-lo mais profunda:

Mongólia:

A Mongólia não tem mar, faz fronteiras com a China e com a Rússia, mesmo não tendo fronteira com o Cazaquistão são relativamente próximos e uma parte da população descende de lá. É um país semipresidencialista, maioria budista, uns 90%, e vem de uma história de luta e conquistas por povos nômades. Pouco mais da metade da população é urbana, mas tem uma vasta área rural e povos nômades que estão diminuindo em detrimento de assentamentos rurais. É a menor densidade democrática do mundo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mong%C3%B3lia

Caçadores com águias: Caçar com águias, que em português a gente chama de falcoaria, mesmo sabendo que o bicho está ligeiramente errado, tem sua origem nas estepes da Eurásia. A tradição da falcoaria tem mais de 4000 anos.
https://en.wikipedia.org/wiki/Hunting_with_eagles

Águias Reais: A águia reais é a espécie de águia mais abundante do planeta, ela também é o animal preferido para a falcoaria, seu tamanho absurdo até para uma ave de rapina, sua ferocidade e agilidade lhe garantem ser o companheiro perfeito de caçadores. Até lobos são caçados com esses animais. Esse bicho pode viver mais de 20 anos, alguns chegando aos 30 e passando. Eles medem  66 a 102 cm de comprimento e de 1,8 a 2,34 m em envergadura e pesam uns 15 quilos. Em outras palavras, é um passarinho grande, muito grande!

Nota: Golden Eagles são traduzidas como águias reais em português. 

Links:
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Eagle_Huntress
http://www.rogerebert.com/reviews/the-eagle-huntress-2016
http://www.imdb.com/title/tt3882074/?ref_=nv_sr_1
http://news.nationalgeographic.com/2016/08/teenage-eagle-huntress-movie-trailer-director-interview/
http://nymag.com/thecut/2016/11/the-eagle-huntress-is-an-empowering-feminist-fable.html