A camisa do Fernandinho e como as coisas mudam.

A USTOP vende roupas, e acho que ainda vende, não entendo muito de roupas e moda, mas tenho a impressão de que ninguém se importa mais.

Sim, ainda existe, mas, realmente, ninguém se importa mais.

Mas nos anos 80 eles tinham uma campanha tão boa e um comercial tão legal, que da marca ninguém deve lembrar muito, eu não lembrava, mas lembrava claramente do Bonita Camisa Fernandinho. Esse foi o primeiro.

Essa foi outra campanha, de quase 10 anos antes, não tão marcante, como a bonita camisa do Fernandinho, mas mostra bem a diferença de época, do rebelde dos anos 70 para o yuppie dos ano 80.

Aqui a campanha completa do Fernandinho

E esse crossover com o Mon Bijou

 

E essa paródia do TV Pirata

O ideal da juventude nos anos 70 era ser livre, rolava todo o lance de abaixo as antigas instituições e tal, nos anos 80 era se garantir, agradar o chefe e conseguir uma bela mulher. Cada época tem sua cara, não que todos na tal época seriam iguais, mas um especto mais geral sempre aparece. Se pra vender roupas pra jovens nos anos 70 o modelo era o cabeludo rebelde, a Ustop tinha o mauricinho de cabelo lambido 10 anos depois. E hoje? qual é o ideal do jovem?

O modelo da Ustop dos anos 80 nem funcionaria hoje, certinho demais, sem cara de modelo, comum demais. Se na primeira propaganda dos anos 70 o grupo era importante e se diferenciar era desejável, nos anos 80 é exatamente o inverso, não de deve diferenciar do grupo, mas sim se destacar, e é cada um por si, só a um lugar para o primeiro lugar e só esse lugar importa. Todas as esperanças e otimismos dos anos 70 estavam indo ralo abaixo, e mais ainda no nosso momento de vida, mas um comercial assim seria um desastre, vivemos um momento que a necessidade de não se afogar junto é grande, mas sair por ai gritando isso se tornou bem feio.

E é por isso que adoro comerciais, eles se tornam parte da vida, quando bem feitos, são lembrados e olhando para eles podemos ver o espírito de uma época. Num filme ou numa música esse espírito também é percebível, mas é nos comerciais, naqueles 30 segundos, que vemos o espelho bruto e direto de quem éramos ou somos.