Chamado no mundo todo por Simon, mas aqui no Brasil foi rebatizado como Genius, provavelmente o primeiro brinquedo eletrônico de muita gente.
A Estrela, quando era uma potência, até onde sei foi o primeiro brinquedo eletrônica lançado no Brasil. Ele é uma produção de Ralph H. Baer e Howard J. Morrison , com a programação de software por Lenny Cope. O negócio usava um processador Texas e foi um sucesso nos anos 70 e 80, depois adquirido pela Hasbro e lançado pra todo canto.
O jogo é simples, em um disco de plástico existem 4 peças coloridas, elas emitem som e luz, o jogo consistem em repetir a sequência que vai crescendo de elementos, um erro e o jogo é perdido. Existem variações, como multi jogador e free style.
É um treco divertido, hoje bastante simples, mas ainda impressionante visualmente pela sua robustez e design. Pode ser considerado, de certa forma, o primeiro game portátil. E o bicho chupava pilhas com toda a sede do inferno. A versão retrô vendida pela Estrela está otimizada, ainda bem, ele usa 4 pilhas pequenas e duram bem.
O novo Simon, parece um frisbee
Esse vídeo da excelente Little Miss Gamer sobre o Simon ou Genius.
Estamos em 1992 e você trabalha num escritório, está digitando algumas coisas do Wordstar (o avô do Word), o chefe resolve dar uma saidinha, o escritório está vazio. Você salva cuidadosamente o documento, digita C:\win.com e inicia o Windows 3.0. Vai até a janela jogos e clica no Paciência.
O tempo passa, você se distrai e quando percebe é tarde demais, o chefe já viu e você já está tomando esporro. Sabe de quem é a culpa?
De Wes Cherry.
Os jogos de cartas para computador apareceram logo no início da computação, sua simplicidade permitiam aos programadores o fazerem, ainda que nem tivessem essas cartinhas bonitinhas, eram só modo texto.
Mas a Microsoft que popularizou o jogo, primeiro rodando uma versão para Spectrum lançada em 1988, que também rodava em PCs. Mas esse é só o começo, mas longe de ser o clássico com suas cartas temáticas e final único.
Mas a grande popularidade do jogo de cartas que a sua avó jogava (acho que nem avós jogam mais com cartas) veio em 1990 com o Windows 3.0
Wes Cherry era estagiário na Microsoft, e por um acaso, como estudo, tinha criado uma versão do Klondike (outro nome para paciência) para o Windows 2.2 (Sim, aquele Windows que ninguém lembra e que praticamente ninguém usava). Mas a Microsoft precisava vender se Windows, e ensinar as pessoas como usar o mouse. Acreditem, em 1990 era complicado pra uma cacetada de gente apontar, arrastar, clicar e dar double click. E o Paciência (originalmente chamado de Solitaire) foi a solução.
Um jogo que exigia todos esses movimentos, rodava bem e era suficientemente casual para ser nativo de uma plataforma de trabalho e entretenimento como o Windows tentava ser. Lembre-se, nessa época Windows não era um sistema operacional, era considerado pouco mais que uma curiosidade. Vendê-lo era necessário, era uma nova ideia, mais ou menos como a Apple convenceu todo mundo de que um tablet era uma boa ideia.
A coisa deu certo, muito certo, nos anos 90 explodiram versões de paciência, fáceis de programar, e com um interesse estabelecido era de se esperar um número absurdos de sharewares (o elo perdido entre o demo e o software) e foi o que tivemos. Praticamente toda publicação de distribuição, como aquelas revistas que vinham com disquetes e posteriormente com cds de jogos traziam alguma versão de Paciência.
O tempo passou e com o Windows 95 veio o Freecell e com o XP veio o Spider.
Wes Cherry é pouco lembrado por seu feito, pelo qual não recebeu nada, ele só veio ganhar algum dinheiro com sua versão de Pipe Dream para Windows 3.0, mas nada demais, só uma centena de dólares.
Numa entrevista Cherry disse que se recente por não receber por seu trabalho em Paciência, principalmente porque quem jogou, provavelmente foi pago para jogar. Na mesma entrevista ele revela o quanto odeia Freecell e que gostaria que todo mundo que jogou Paciência lhe pagasse um centavo, ele até prometeu uma grande festa se isso acontecer.
Também revelou que existia um atalho secreto no jogo que disfarçava a tela com uma tela de trabalho genérica, mas a Microsoft a removeu. Entre outras curiosidades revelou que o design das cartas foram feitos por sua namorada na época, e que uma das estampas menos lembradas, aquele cara segurando os ases, a última da seleção, foi inspirada nessa música do Greatful Dead
Hoje em dia Wes Cherry não trabalha mais com computadores, ele gerencia sua própria produção de cidra de maçã (não, ele não é dono da Cereser). Sua empresa tem o nome badass de Dragon´s Head Cider.
Cherry pode ser o causador de milhões de horas de improdutibilidade e o maior causador de demissões do mundo, pode até ter causado uma grande crise em 1991, mas não dá pra negar que todos nós, em algum momento, jogamos o seu joguinho (ou uma versão qualquer dele).
Wes Cherry, minha avó, dona Cita, que adora paciência e odeia embaralhar é eternamente agradecida ao senhor.
E lembrando, para virar uma única carta precione Ctrl-Shift-Alt antes de clicar no monte.
Paciência está listado entre os 12 finalistas para entrar para o Hall of Fame of Games, torcemos por ele.
E anos atrás um grupo de artistas fez essa escultura aqui, se você é velho ficará emocionado. Lars Marcus e Theos cotaram e colaram mais de 1000 cartas para produzir isso.